domingo, 9 de outubro de 2011

http://www.tudomudou.com/2011/09/19/como-tornar-se-indispensavel-2/


Hoje li num site qualquer na Net, um artigo relacionado com trabalho. Sobre aumentar a nossa própria formação, melhorarmos a nossa performance, basicamente o que podemos fazer para nos tornarmos indispensáveis dentro de uma empresa de modo a garantirmos uma “plataforma segura” a nível de carreira. Pontos para o artigo, apesar de algumas gralhas ortográficas.
                Como diria “Jack, o Estripador” – “vamos por partes”:
                No artigo em questão é dito que a taxa da alfabetização em Portugal, de há 20 anos para cá, tem vindo a aumentar, assim como a oferta de pessoas com qualificações de ensino superior. Correcto. Concordo plenamente. Mas em muitos países isso já acontece há 50 ou 100 anos, sendo que os sistemas funcionam melhor, seja a nível de qualidade de ensino, seja a nível de igualdade de ofertas entre as classes sociais.      Eu, por exemplo, encontro-me na percentagem de pessoas que não pôde frequentar o ensino superior por motivos que vão desde os financeiros, até ao simples escolher de uma área onde, ao arriscar um investimento dessa envergadura, a nível de tempo e de capital, fizesse “render o peixe”. Porque o que neste país não falta é pessoas com qualificação superior a desempenhar funções que um chimpanzé bem treinado poderia realizar, em situação precária de trabalho (recibos verdes por exemplo e até pior, como estando até a trabalhar de forma ilegal), ou pura e simplesmente, desempregados.
                No mesmo artigo é referido também que cada vez há mais oferta de estabelecimentos que oferecem diplomas a esse nível. A utilização da palavra “oferecer” nesta frase, com o custo das propinas como está, parece-me, na melhor das hipóteses, troça, uma piada de mau gosto. Ao escrever, tendo uma pessoa qualificações ditas superiores, há que reflectir antes de passar certas opiniões ao “papel”. E daí, talvez eu esteja a ser picuinhas. Adiante. É uma realidade que isso acontece sim, também concordo. Mas também é verdade que um diploma não é sinal de sabedoria e que ao contrário do que o ditado popular adianta, “um burro carregado de livros não é um Doutor”!
O diploma não substitui uma análise cuidada a todos os candidatos a qualquer cargo, dado que, por muitas vezes, certas pessoas são auto-didactas, odeiam sistemas de ensino e muitas vezes, preferem o rumo do “aprender, fazendo” em vez do método “papagaio” onde só se aprende aquilo que já alguém antes sabia, sem espaço para inspiração pessoal, criatividade, ou pensamento livre. Se nunca ninguém usasse da sua criatividade ainda estaríamos na Idade de Pedra.
Haver esta oferta toda também não implica que seja mais fácil a uma empresa escolher alguém qualificado para um dado cargo. Entre “cunhas”, favores a pagar e a fornecer, má gestão nos Departamentos de Recursos Humanos, entre outras “falhas”, os melhores candidatos passam, literalmente, despercebidos, independentemente das suas qualificações.
Mas o que me inquieta mesmo no artigo é o chamar à abordagem sindical, fútil, infrutífera e simplista.  Isto parece-me a mim, discurso de “salazarismo”, onde qualquer forma de luta por união de força laboral num objectivo comum é considerada “fútil”. Se assim fosse, a Revolução de 25 de Abril perderia todo o valor, assim como todas as lutas anteriores e posteriores. Mas mais adiante no mesmo artigo fala-se da indispensabilidade do “trabalho de equipa”. O que é um sindicato se não uma equipa a trabalhar para uma melhoria das condições de trabalho? Ou iremos presumir que todas as empresas trabalham dentro do rigor e da seriedade? E sendo esta resposta óbvia, não será “simplista” pensar que, no mundo corporativo, tudo acontece na boa moral, nos bons costumes e na boa-fé?
Os sindicatos são uma barreira à falta de rigor das entidades patronais, das empresas que funcionam sem qualquer respeito pelos colaboradores e até, concordando eu aqui com o autor do artigo, de “passar o amendoim por marisco”, que é o mesmo que dizer, que os sindicatos defendem toda a gente, seja bom ou seja mau trabalhador. Num mundo utópico, nem isto aconteceria nem as “cunhas”.
A meu ver, quase todo o artigo é “infrutífero”, dado que os argumentos apresentados são inconsistentes. Revelam um nível de parcialidade “simplista”, indicador de uma visão utópica e profundamente “fútil”.
Se a ingenuidade pagasse impostos não havia crise.

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