quinta-feira, 5 de maio de 2011

Armas de Distracção Maciça

 
                Antes de mais não cometi nenhum erro. “Armas de Distracção Maciça” está correcto. E não tenham dúvidas, estamos em guerra, sobre fogo, em estado de sítio e sobre um regime de “austeridade” orquestrado. Fomos ludibriados caros cidadãos! Atiraram com areia aos nossos olhos sob a forma de (des)informação. Há muito que deixei de assistir noticiários, de adquirir e até mesmo de ler jornais. Não, não sou um completo ignorante do que se passa, gosto muito de ler e de estar informado, não sou forreta nem pretendo deitar com as pessoas que trabalham nas redacções jornalísticas por esse mundo fora no desemprego. A questão aqui é transparência e integridade que, como um lince ibérico, são espécies em extinção. Estou farto de ver o proletariado cego, surdo e parvo.
                FMI é a nova sigla da ordem. Depois de muita bagunça, de muita vigarice e de muita roubalheira eis que, tal e qual Messias anunciado, chega o FMI para salvar o povo português da “crise”. Eu pergunto qual crise? Aquela crise da “corrida ao ouro imobiliário” dos EUA que chegou às nossas margens, como se de radiação de Fukushima se tratasse? Ou a crise da Banca orquestrada pelo gestores financeiros desse mundo fora de modo a calar as bocas revoltadas deste povo pela acção do medo? Primeiras medidas anunciadas do FMI irão promover o despedimento em cascata, a fuga aos impostos dos mais ricos, descida nos salários e nas pensões dos mais pobres. Têm dúvidas? Peguem num desses jornais, ou até, assistam a um qualquer telejornal e está à vista. Os “primeiros passos” do “bebé-FMI” (que muito depressa se irá tornar num autêntico Golias para o qual não temos nenhum David) anunciam:
·         Descida na Taxa Social Única para as empresas – e porque não? Faz todo o sentido em tempos de “austeridade”, que as empresas tenham mais uma benesse enquanto os seus colaboradores, trabalhadores, o verdadeiro “sangue” de qualquer empresa é vertido por essas ruas;
·         Isenção do IVA – para quem? Adivinhem! Porta número 1 – Empresas de novo! Que maravilha, acho que vou abrir uma empresa que fabrica aviões de papel a ver se me safo de pagar impostos também. Até porque em tempos de austeridade, ninguém precisa de pagar impostos pelos vistos. Porque hei-de ser eu o único morcão a fazê-lo?
·         Descida de indemnizações em caso de despedimento – mais uma medida desenhada para estimular a economia. Se eu fosse patrão neste momento poderia sentir-me “estimulado” realmente. Diria até que estaria à beira do orgasmo, um autêntico Nirvana. Lembram-se do sangue vertido nas ruas? Se até agora aconteciam despedimentos maciços de pessoas, atiradas para as ruas como se de lixo se tratassem… imaginem daqui para a frente!
·         Apoios financeiros para a Banca – esta é de rir mesmo! Ainda no inicio deste ano várias notícias foram publicadas com valores astronómicos para os lucros de bancos deste país. Crescimentos de 65% em alguns casos, no primeiro trimestre do ano! Mas é preciso, estamos em clima de austeridade e é preciso incentivar a banca a emprestar. Não sei se se lembram mas foi a banca emprestar demasiado que levou à última “crise” financeira. Hmmmm… o que será que pretendem com isto?
E estas são apenas as primeiras ondas (daquilo que será um maremoto de certeza) dos efeitos FMI. Eu vos garanto, o pior ainda está para vir, com o fim (já anunciado) do petróleo. Quase 2 euros por litro de gasolina é muito? Não se preocupem, até ao fim de 2012 ira custar 4 vezes isso! Em 2025,  10 vezes isso ou talvez mais. Não invistam em alternativas energéticas, isso não! Vamos dar cabo do planeta mais um bocado e roubar o povo ao mesmo tempo. A palavra de ordem é: multi-tasking.
E tudo isto porquê? Por causa de uma crise provocada tão-somente pelo capitalismo selvagem, o tal “liberalismo económico”, em que nenhum tipo de transacção monetária é regularizada, nem sequer ao menos vigiada por nenhum organismo. A Banca empresta, negoceia apostas para ganhar dinheiro, caso esse empréstimo dê para o torto na forma de seguros, recupera os bens ou serviços no caso dessa falha, e as agências de Rating garantem que esses empréstimos são seguros de modo as que as seguradoras invistam nesses “capitais de risco”. E a Banca define as suas próprias leis. É por isso que vemos ratings de AAA para créditos ao consumo, o que é fantástico, dado que praticamente todos os artigos de consumo são perecíveis. Passados poucos anos o que vemos? Goldman-Sachs, JP Morgan, entre outros, lembram-vos algo? Espero que sim ou que se informem, pelo menos. Para saberem mais assistam ao documentário The Inside Job narrado pelo actor Matt Damon. É de bradar aos céus!
Depois é só passar umas imagens de um terrorista morto de vez em quando nos noticiários (Osama Bin Laden morreu – grande coisa, um exército conseguiu eliminar um idoso hemofílico, que espanto), umas imagens de guerra com mensagens de que a guerra está a chegar às nossas casas, umas belas imagens de despedimento em massa para deixar toda a gente assustada (e à mercê do patronato) para as pessoas aceitarem ser, metaforicamente (e não só!) enrabadas (e até baixarem as calças, auto-aplicarem um clister e passarem vaselina) para esses saqueadores, sacanas da pior espécie, que são os empresários, pagadores evidentes de todos os lobby’s que povoam este mundo. Junta-se umas novelas rascas, uns jogos de futebol entupidos de corrupção e esvaziados de qualquer forma de competição, para encher as mentes clubistas e obtém-se um povo tão uniformemente “desalmado” que tudo pode ser feito sem haver protestos. Já houve quem dissesse, em tempos de Salazarismo que já lá vão (ou se calhar transformado em Socratismo/Coelhismo), que quando se quer um povo humilde é dar-lhe fome. A fome daqueles tempos era de comida e roupa, mas nos tempos que correm, é preciso mais – fome de comida, fome de justiça, fome de cultura e finalmente, fome de informação. Haverá povo mais humilde? Haverá Arma de Distracção Maciça maior do que esta? Abram os olhos, minha gente!! ZEITGEIST!!!

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