segunda-feira, 25 de abril de 2011

Evolução

 
                Eu sou um eterno fã de competições desportivas mundiais. Já referi noutros artigos a minha falta de clubismo, a minha alienação a tudo o que nos separa e a minha infinita dedicação a tudo o que une pessoas. Os Jogos Olímpicos são para mim, uma autêntica tocha de esperança para o futuro da humanidade. Com cada novo recorde há uma infinidade de possibilidades. Todos os atletas se perguntam como é que um outro conseguiu. Há muita corrupção no desporto e eu sei perfeitamente disso. Sei que se investe 50 vezes mais em novas formas de doping do que a tentar curar doenças como cancro, SIDA e tuberculose. Mas tenho esperança. A raça humana ainda não terminou a sua evolução, se é que, alguma vez ela irá terminar. Alguns estudos apontam para um crescimento das nossas capacidades cerebrais de 50% em 100 anos. Estamos a ficar mais fortes e mais capazes. Mas partilhamos pouco das nossas ideias e pensamentos. Guardamos muito de nós. Somos pouco sinceros e ainda sofremos muito de ganância intelectual. Todas as nossas ideias não são realmente nossas. São de todos nós. Tudo neste mundo é consciência e existe porque quer existir, por pura força de vontade. E todas as matérias partilham dados numa dimensão que não nos apercebemos. Querem um exemplo? Glicerina.
Glicerina foi desenvolvida há mais de 250 anos atrás, na sua forma líquida. Mas por muito que se tentasse era impossível cristalizá-la, com qualquer método conhecido. Então, em finais do séc. XX um barril de glicerina, que foi transportado de Viena para Londres, ao ser aberto, descobriu-se que continha cristais de glicerina. Alguns poderão dizer que foi obra de Deus, resultado de um milagre. Mas com tantas religiões por aí que deus foi? Passemos então à ciência e ao estudo da questão e deixemos o resto para filósofos e crédulos que isto é um blogue de um ateu que tem tanto de filósofo como de Pop-star. Pelos vistos, durante a viagem, as quedas e subidas de temperatura e a ondulação do navio onde o barril se encontrava foram ideais para a formação de cristais. Claro que, a comunidade científica quis investigar os cristais para replicar o processo. O processo científico é comum. Uma amostra da glicerina cristalizada foi inserida numa amostra de glicerina líquida e, como esperado ela cristalizou também. Mas algo mais estranho aconteceu. Amostras líquidas que não entraram em contacto com amostras de glicerina sólida, também formaram cristais. Até amostras que se encontravam em contentores selados, passaram a cristalizar também. Muitos dirão que essas amostras de certeza entraram em contacto com outras, quer fossem transportadas por pessoas na roupa e no cabelo, quer por mistura acidental. Mas isso parece altamente improvável.
As melhores teorias da criação do universo, e todos os estudos científicos, apontam para algo mais profundo. Toda a matéria é constituída por moléculas, todas as moléculas são átomos agrupados e todos os átomos são feitos de energia. Mas como existem tantas formas de matéria? A resposta encontra-se numa outra dimensão. A da consciência. Toda a matéria tem consciência. Tudo o que existe, existe porque quer existir. Daí que muitos animais consigam voar e nadar milhares de quilómetros para nidificar ou morrer numa região especifica do planeta sem nunca terem realizado essa viagem antes. Está inscrito na sua consciência. No caso da glicerina, uma serie de mudanças de pressão e de temperatura fizeram com que ela obtivesse o “conhecimento” de que podia cristalizar-se. E o resto é história.
Da mesma forma há pouco mais de 500 anos o homem acreditava que vivia num mundo plano e que o sol “andava à volta” no céu. Foram precisos anos de investigação, novos métodos e novas ferramentas para adquirimos “consciência” de que o universo funcionava de outra forma. Como as diferentes pressões e temperaturas fizeram com a glicerina. Assim que adquirimos esse conhecimento isso alterou a nossa consciência e a maneira como víamos o Universo mudou. Isso permitiu mais um salto na evolução, abriu novos horizontes. Começamos a estudar o que segura e faz movimentar grandes corpos celestes, planetas e estrelas e galáxias. Para podermos entender tudo isso o nosso cérebro aumentou a sua capacidade. Evolução na sua forma mais pura. E com cada novo horizonte de conhecimento, novas evoluções irão surgir. A mesma energia a mudar de forma.
Há um brilhante futuro à nossa frente se nos atrevermos a abrir novos horizontes. Nada de ficarmos presos a ideias do passado. Partilhemos ideias, sejamos verdadeiros uns com os outros, aceitemos diferentes pontos de vista. Porque o mundo foi construído com troca de ideias. Ninguém sabe a verdade toda. O futuro reside dentro de nós.

P.S. -sobre glicerina e outras teorias visitem http://www.innerlink.dk/A new paradigm.htm

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um Grão de Areia

1%. Não, não é um erro. Eu comecei este texto com a "frase" "1%". Segundos alguns estudos e por tudo aquilo que eu tenho visto, vejo e ainda vou ver, 1% da população mais rica do mundo detém, controla ou reserva 40% dos recursos deste planeta. O que quer dizer, em números mais realistas, que uns milhões de pessoas amealharam mais do que a sua fatia daquilo que o planeta nos dá a todos. Não tenho muito a dizer sobre isso já que, se eu quiser descobrir em quem pôr a culpa, basta olhar-me num espelho, assim como todos nós podem fazer o mesmo.

Pensemos um pouco em areia. Ela encontra-se nos mais variados sítios (alguns de nós podem mesmo dizer que alguns cérebros a comandar o País estarão cheios dela, de tal forma que células cerebrais são uma espécie em extinção por essas partes), e em quantidades que nos parece serem reduzidas quando, num dia quente de Verão nos encontramos na praia e levamos com uma bolada ou, pior ainda, não temos onde colocar a toalha. Mas vamos mais fundo nesta questão, vamos pensar antes em grãos de areia. Pensem na vossa praia favorita, ou pelo menos, naquela que frequentam (nem que seja numa esplanada apenas a olhar para a areia). Já imaginaram se todos nós, por uns minutos nos dedicássemos a tentar pegar naquela areia toda? Acham possível que, se cada um de nós pegasse em duas mãos cheias de areia, durante um par de minutos que deixaria de haver areia no mundo?

Voltemos atrás um pouco e em vez de areia pensem em vocês próprios. Como é possível que 1% da população mais rica consiga segurar cada um de nós nas suas mãos, tais como grãos de areia? Acham isso possível? Claro que não. Mas é o que acontece, é o que vemos e é o que sentimos. Quando enchemos as mãos de areia algo muito vulgarmente acontece. Ela começa a fugir por entre os dedos e, quanto mais apertámos e tentamos segurar, mais depressa ela se escapa. Pois então, se é assim e se, cada um de nós, não mais é senão um grão de areia... COMO É QUE RAIO UM PORCENTO DA POPULAÇÃO MAIS RICA NOS SEGURA NAS SUAS MÃOS?!?!

Passo a explicar como tal é feito e de uma forma quase laboratorial. Imaginem-se agora (hoje é dia de fantasia, não se esqueçam de o passar aos namorados/as, maridos e esposas e aproveitem esta minha deixa para uma noite de deliciosa escapadela à realidade) como cientistas a elaborar uma experiência para comprovar uma teoria.

    * Objectivo: capturar cada grão de areia nas mãos, de tal forma, a que nenhum se escape.
    * Método: nenhum outro método resulta que não aquele que nos cola às mãos desses senhores e senhoras - Medo. Iremos passar medo a cada um dos grãos de areia de saírem das nossas mãos.
    * Resultado: em breve nenhum grão de areia neste mundo irá querer sair das nossas mãos e, assim, ficarão à nossa mercê.

É ficção científica dirão vocês. É impossível! "Este gajo é maluco!!". Concordo plenamente, tanto com o eu ser maluco, como com isso ser impossível. Então eu pergunto de novo: COMO É QUE RAIO UM PORCENTO DA POPULAÇÃO MAIS RICA NOS SEGURA NAS SUAS MÃOS?!?!
O medo é uma maravilhosa ferramenta da natureza. Todas as criaturas sentem medo. Alguns cientistas afirmam que até as plantas sentem medo e libertam certos químicos quando se sentem ameaçadas e conduziram estudos a provar isso mesmo. Mas o ser humano levou o medo mais adiante. Somos capazes de uma tal capacidade de tornar o lógico (sentir medo) completamente ilógico (sentir medo de sentir medo) que o tornamos algo paralisante, quando, na natureza, nunca o é. Que me perdoem os celebrados escritores por esse mundo fora pela repetição, mas aqui tornou-se necessária para demonstrar a irracionalidade que nos priva de uma vida mais repleta, mais preenchida, mais feliz, em suma, uma vida mais vida. D. H. Lawrence tem uma frase ( ou duas para ser mais exacto) que ilustram como esse sentimento é irracional: “I never saw a wild thing feeling sorry for itself. A small bird will fall dead from a bough without ever feeling sorry for itself.” Traduzindo: “Eu nunca vi uma coisa selvagem sentir pena dela própria. Um pequeno pássaro irá cair morto de um ramo sem nunca ter sentido pena dele próprio”. Mais nenhum ser vivo tem pena dele próprio. Um elefante pode chorar a morte de um companheiro às mãos de um caçador furtivo, mas o que foi morto nunca sente pena dele próprio por ter morrido. É este bocado de nós que permite que sintamos medo do medo. O medo aguça os sentidos e acelera as reacções. Modifica a maneira como processamos dados, de forma a permitir o reflexo “luta ou foge”. E que raio de predador, que está no topo da cadeira alimentar, iria fugir? Somos a única espécie que consegue viver, sem grandes ajustes evolutivos, desde os pólos até desertos, passando por montanhas e pântanos. De que temos tanto medo então? Sentimos medo de tudo o que fuja à rotina. Sentimos medo daquilo que vemos na TV e nos jornais e damos graças por aquilo que temos. Está errado! Estamos a cair na maior vigarice da história da raça humana. Vivemos num planeta repleto de recursos basicamente infinitos, aliás, recursos cuja utilização regulada nos permitiria viver para muito além do tempo de vida do nosso sistema solar. E a tecnologia continuaria a avançar exponencialmente nesse período, permitindo de certeza a colonização de outros sistemas, garantindo assim a continuidade da raça humana. Mas existe essa "elite" de pessoas que não querem que os recursos sejam partilhados por todos porque isso seria o fim de uma vida de luxo e desperdício, seria um evento catastrófico a nível da imagem  que essa cambada de imbecis têm deles próprios, mostrando ao mundo a extensão da sua mediocridade. Eu penso que só mostramos se somos os melhores se realmente, com os mesmos recursos, fazemos mais obra. E se os recursos fossem distribuídos de forma o mais igualitária possível teríamos mais gente a fazer obra. Se duas cabeças pensam melhor que uma... qual seria o resultado de todas as cabeças a trabalhar? O meu país está numa situação onde os idosos são obrigados a trabalhar cada vez mais anos para merecer o seu repouso, enquanto os jovens caem no desemprego e na inacção. Isso corrói o seu espírito até ao centro, reduzindo-os a uma "geração rasca", incapaz de pensar e formar novas ideias.  Todos nós sabemos que, se a idade traz sabedoria, a idade também traz esgotamento mental. Temos de regressar ao tempo dos mestres e aprendizes, uma ideia genial dos nossos antepassados, com um pequeno "twist" de uma era moderna: tem de haver respeito mútuo entre mestre a aprendiz, o mestre tem de querer que o seu aprendiz seja melhor que ele e o aprendiz tem de aprender tudo o que puder com o mestre dele e todos aqueles que conseguir encontrar. Temos de nos unir mais uma vez e mostrar os dentes a essa "elite". Acabar com o medo. Acabar com o amealhar de recursos, onde uns desperdiçam e outros não têm para viver. Estamos nas mãos uns dos outros, somos um único ser, e não escravos desses 1%!
Eu não sinto mais medo dessa gente. Não irei sentir mais medo deles, não me permitirei. Tive medo e a minha reacção a esse medo é luta. Eu sou um grão de areia e como eu, há montes! Vocês, 1%, nunca mais irão controlar-me, não conseguem segurar-me por muito que apertem. Lutemos, minhas gentes, enfrentem os medos e unam-se que eles não podem segurar-nos!!! ZEITGEIST!!!!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre relações (leia-se também ralações)

     Eu não propriamente sábio, mas considero-me uma pessoa inteligente, razoavelmente informada e experiente para além dos meus anos de vida. Não quero com isto dizer que passo os meus dias a experimentar coisas novas. Pelo contrário, gosto de testar os limites daquilo que já sei o suficiente para me "enterrar" ou evoluir. Daí ter começado este blog, que esperançosamente, ninguém vai levar demasiado a sério. A minha professora de português do 5º ano (como eu gostava que ela viesse a ler o que aqui escrevo) dizia que eu tinha algum talento para a escrita. Espero que ele se revele aqui e espero também não desiludir essa minha professora que me deixou tão boas recordações. Para que se saiba eu frequentei a escola Leonardo Coimbra (filho), no Porto, mais precisamente em Serralves, entre 1990 e 1992 (5º e 6º ano, respectivamente) e do nome dessa grande professora só recordo que era Ivone. Espero que estas palavras a encontrem.
     Passando ao que realmente vim aqui fazer (engraçado como a World Wide Web tem esta sensação de deslocação espacial quando na verdade ela não acontece). Sempre considerei que, se algo há a fazer para salvar este mundo, esse caminho será o amor. Nada mais revela o nosso potencial ilimitado como o amor. Toda a gente já leu, viu, ouviu e até sentiu aquilo que o amor consegue fazer. Mas algo assombra essa nossa capacidade de amar. A nossa eterna e infrutífera busca por individualidade está a acabar com a nossa raça, a reduzir o nosso potencial a pó, como fogo numa mata antiga. Queremos ser originais e mesmo assim ter atenção, queremos dar origens a modas e não queremos que ninguém nos imite ao mesmo tempo. A raça humana é uma raça de paradoxos, já se sabe. Mas como alguns se recordam, em Lost -Perdidos, alguém lá dizia "Se não aprendermos a viver todos juntos, vamos morrer todos sozinhos". O nosso caminho está em eliminarmos do nosso espírito tudo aquilo que nos separa e que passemos a investir naquilo que nos une.
      Falar é fácil e escrever parece mais fácil ainda, dirão alguns. Às vezes coisas escapam do nosso controle nas relações e damos por nós de alguma forma isolados de quem nos rodeia. Desde amigos a vizinhos, passando por qualquer desalojado a viver na rua, encontramos-nos desligados. Contra mim falo que dou por mim a falar sozinho mais vezes do que desejaria e muitas mais do que será considerado saudável. Não é fácil manter relações, daí o título deste artigo. Às vezes manter uma relação é uma ralação e muitos de nós já têm mais do que suficiente disso para se estarem a preocupar com manter ligações com qualquer palerma que o rodeia. Somos um povo orgulhoso, somos ao mesmo tempo tão fortes e tão fracos. Somos tudo menos perfeitos. Mas aqui é que reside a nossa força: temos a percepção daquilo que nos falta para sermos melhores. Não fazemos muito uso dessa força, não vemos sequer o que essa força é, a maior parte do tempo.
     Pensemos na classe política por exemplo e deixemos também fronteiras de lado, já agora. Globalização é a chave, não é? São as pessoas mais desligadas de todas, até da própria família. Esqueçam imagens dos presidentes americanos que se fazem sempre acompanhar das famílias "Kodak". Eu posso fazer-me acompanhar de Playmates todo o ano e isso não fará de mim o Hugh Hefner, correcto? Há excepções, claro! Mas que mais é uma excepção, do que uma confirmação daquilo que é uma regra? Este tipo de pessoas são, logo à partida, mais do que nós, superiores. E eu digo são porque é aquilo que elas pensam e acreditam tanto nisso, com tanta convicção, que isso define a realidade em que vivem. Para essa classe (ou a falta dela, na minha opinião) existem poucos limites morais e cada ser humano só conta para eles, na medida em que um número conta numa equação. Somos percentagens, somos milhares e milhões, somos cidadãos e somos portugueses, alemães, ingleses, etc. Sabem o que nunca somos? Indivíduos. Ouvem esse barulho? É a vossa individualidade a ir pelos ares como uma cabana na Nigéria atingida por uma granada. Canso-me. Estou exausto de fazer esforço para ser eu próprio. Estou cansado porque, ao fim de 30 anos de vida, continuo a ser humano, continuo a ser uma gota de água num oceano.
     Tsunami. Maremoto. Terramoto em pleno oceano. Todos nós ouvimos e lemos sobre aquilo que uns segundos de água a correr conseguem fazer (desfazer seria a palavra correcta aqui). Reduzir o Sri Lanka a escombros, desligar uma central nuclear e tornar outras pelo mundo fora obsoletas. Espalhar os efeitos de uma calamidade local pelo mundo fora. E tudo isto em segundos! Porque raios perseguimos nós, em vão diga-se, a tão comprovadamente desnecessária, individualidade? Analisem o que sentem e digam-me: Estar sozinhos melhorou alguma coisa em cada um de vocês? Ser o melhor nadador olímpico apenas nos separa de todos os outros. Já agora: se cada um de nós é uma gota de água, o que somos todos juntos? Leiam de novo o início do parágrafo por favor. Leiam e pensem. Acabemos com a individualidade antes que ela acabe connosco.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A origem do mal - o verdadeiro pecado capital

     Ao contrário do que se diz por aí, em diversas ramificações religiosas, existe apenas um pecado, uma falha humana que, a ser explorada, revela-se como a origem de tudo o que vai mal por este planeta fora. Que ninguém se iluda, todos sofremos dela incluindo, este vosso camarada que vos escreve. Mesmo a pessoa mais beata (talvez até especialmente estes), do simples servente de pedreiro ao excelso cargo de Primeiro-Ministro e até, num âmbito mais internacional ao digníssimo Papa, sofre desta falha.
     Perguntam vocês: "Que falha é essa?"
     A falha é inveja. Antes de começarem a rotular-me como tolo, desvairado, disléxico ou pior... observemos aquilo que conhecemos como "Os 7 Pecados Capitais" -Vaidade, Avareza, Ira, Preguiça, Luxúria, Inveja, Gula. Toda a gente os conhece, embora às vezes não saibam enumera-los. Irei, em seguida, analisar um por um e tentar mostrar que todos eles têm origem num só, a tal falha humana, que se revela como a fonte de todo o mal.

  1. Vaidade - é linear este pecado. Que mais podemos sentir, que não inveja, quando queremos ser o centro das atenções apenas pelo nosso aspecto físico? E que mais podemos sentir, senão inveja, quando, para nos sentirmos bem com nós próprios, precisamos de seguir toda e qualquer moda? Até mesmo orgulho é uma forma de vaidade que, por sua vez, é uma forma de inveja. E o orgulho apresenta-se em diversas situações. Noutra altura irei tentar elaborar sobre esse tema.
  2. Avareza - menos linear que o primeiro. Mas se uma pessoa não se sente feliz quando tem as suas necessidades básicas satisfeitas, a falha humana continua a ser exactamente a mesma. "Eu quero ter mais, porque aquele outro também tem". Isto, por si só, não tem nada errado. É perfeitamente saudável e até justo exigir mais qualidade de vida, melhores condições. Mas quando uma pessoa tem os recursos necessários para suprimir todas as suas necessidades e, ainda assim, "reserva" para si ainda mais recursos, de uma forma de tal modo egoísta, que "rouba" dos recursos necessários para o mais elementar modo de vida de outras pessoas torna-se avaro. E o "eu tenho mais do que tu embora não precise de tanto", é o quê? Vaidade. E vaidade é o quê? Inveja mascarada. Como diria o outro: e esta, hein?
  3. Ira - este será, talvez, o mais difícil de explicar como estando ligado à origem de todo o mal. Mas continuem a ler. O que nos provoca raiva ou ódio muitas vezes não é mais do que inveja. Já falamos de avareza e aqueles que não são avaros muitas vezes sentem raiva de quem o é. Muitas vezes aquilo que nos causa raiva ou ódio é apenas uma resposta a uma inveja camuflada. Xenofobia, fanatismo religioso, hooliganismo, vandalismo, "mob-behavior" são todos aspectos da ira. E todos eles estão ligados. Todos eles têm uma componente que, ao praticante, passa despercebida. "O meu Deus é melhor que o teu" - Vaidade; "a minha raça é melhor que a tua" - Vaidade; "Eu sou um gajo cool por isso vou partir a escola toda, vou sujar as paredes da minha cidade como se fossem as minhas paredes de casa só para ser popular com as miúdas que curtem bad boys" - Vaidade; "O meu clube perdeu; vou partir a cidade em duas" ou "o meu clube ganhou, vou dar cabo da cidade à mesma" (esta é parva de todo, só cabe na cabeça de um ser humano mesmo) - Vaidade. E nesta linha, todas as formas de ira podem ser ligadas. Fico à espera de mais exemplos nos comentários.
  4. Preguiça - não se fala aqui de quem gosta de ficar na cama a dormir até mais tarde ou de quem fica a vegetar em frente à TV um fim-de-semana inteiro, ou de quem fica nos chats, Facebook's e afins. Nada disso. A preguiça verdadeira, o pecado como o catolicismo o entende, é não darmos tudo de nós em tudo o que fazemos. Confiem em mim, na minha recente juventude frequentei grupos de catequese, grupos paroquiais, serões de "milagreiros" e sou até um ex-católico praticante,crismado, mas que não encontrou respostas na religião embora alguma teorias se apresentem como válidas. A preguiça está em quem não exerce do seu considerável poder para mudar o mundo para o tornar melhor. Quem nunca plantou uma árvore, quem nunca trabalhou a terra, quem não recicla e, entre outros muitos exemplos, quem não vota. É uma forma de inveja, quando queremos que as coisas nos caiam do céu. Invejamos quem não luta e consegue ter as tudo aquilo de que necessita e até muito mais do que isso. De certa forma, invejamos os deuses que podem estalar os dedos e tudo lhes é concedido.
  5. Luxúria - mais elementar que isto é quase impossível. Desde o cobiçar a mulher do próximo (leia-se também cobiçar o homem da próxima e todas as outras combinações possíveis), até desejar todo e qualquer ser humano (com batimento cardíaco ou não), passando por pedofilia, gero-filia, zoo-filia,  até à famosa queca mágica (em que dão a queca e um ou mais dos envolvidos desaparece logo a seguir - David Copperfield deu uma queca mágica na Claudia Schiffer e nunca mais ninguém a viu) tudo passa por inveja. Qualquer forma de sexo que não comporte a partilha do prazer é avareza. Qualquer forma de prazer que não comporte sentimentos é vaidade. E o que dizer dos praticantes de sexo-não seguro com múltiplos parceiros? Estarão furiosos com alguma coisa ou serão apenas vaidosos? Ambos? Enfim, ao seguinte.
  6. Gula - há muitas formas de gula. Desde o comer, beber, fumar e todas as outras formas de intoxicação "até ao limite". Quem nunca comeu para mostrar que consegue comer, quem nunca bebeu para mostrar o quão ébrio consegue ficar que atire a primeira pedra. Meninas e meninos com desordens alimentares também são invejosos e vaidosos por isso guardem as pedras no bolso por favor. Meninas e meninos que não comem um vegetal "porque  não sabem bem", peçam que vos atirem pedras (pode ser que o vosso cérebro comece a funcionar com pancada). Meninas e meninos que não comem nada que não venha entre dois pedaços de pão ou cima de um bocado de massa tostada, abstenham-se de ler este Blog, por favor. Preguiçosos! Aprendam a cozinhar! Mas voltando ao tema: quem absorve mais do que o necessário para se manter é guloso e ser guloso é ser avaro, soberbo.
    Caso se estejam a perguntar sofro de gula, de preguiça e de ira. Tento manter esses aspectos de mim controlados. Tenho dias bons e maus e outros assim-assim. Tento com todas as minhas forças que esses aspectos de mim não façam ninguém sofrer ou passar necessidade mas sou humano e falho. Estou a aprender a viver até morrer.
     Como é que eu ligo a inveja à origem de todo o mal? Simples. Observem todos os problemas que assolam este mundo. Guerras, fome, doença. Informem-se, analisem essa informação e cheguem à mesma conclusão que eu (não sou assim tão inteligente, acreditem que conseguem lá chegar). A maioria das guerras foram provocadas por ganância. Os EUA estão em pelo menos três frentes a combater rebeldes e civis e uns aos outros pelo vil petróleo. Esse recurso energético tem os dias contados, dado que, segundo alguns estudos, se produz apenas um barril para cada oito que são consumidos. Para quem não entende: imaginem que o vosso carro está na reserva e quando forem para abastecer apenas vos deixam abastecer com cinco euros. Outros estudos indicam que, a haver petróleo que chegue para tudo o que é necessário, os danos ao planeta já se tornaram irreversíveis e conduzirão à extinção da raça humana. Vejam a questão pelo lado que quiserem: estamos fodidos seja como for! A solução: cuidem do planeta conforme puderem e esperemos que ele tenha força para fazer o resto. Outras guerras são provocadas pelo fanatismo religioso. Não preciso de dizer que provar que um ser invisível e todo-poderoso, é mais poderoso que o próximo ser invisível todo-poderoso é um esforço que pode ser comparado a tentar partir titânio com os dentes! E é sinal de uma inveja cega e completamente ilógica! E nenhum dos lados possui provas inequívocas de que o seu deus exista de qualquer modo! Extremamente útil não acham? Quase tanto como colocar uma gaveta num par de brincos!
     O tema era um pouco religioso diriam vocês, meus caros leitores. Pois é, não há ninguém mais vaidoso do que alguém que diz falar com uma consciência superior nem ninguém mais ganancioso que aquele que acha que essa consciência só fala com essa pessoa e que, dito isto, pode ditar as regras para nós, meros escravos dessa consciência que dita toda a nossa existência. E àqueles que dizem que quem não acredita nessa consciência está perdido, amaldiçoado, fraco... antes perdido que fantoche, antes amaldiçoado do que condicionado antes fraco do que controlado. E aos que acreditam: comecem a atravessar a rua sem olhar para os dois lados. Não precisam correcto? Todos os vossos passos estão guardados não é?
     Até uma próxima meus caros leitores, em breve estarei de volta.
                                                  ZEITGEIST!

Antes de mais...

     Antes de mais sou um zeitgeister. Sou ateu, não tenho filiação política (embora seja um observador atento do Francisco Louçã), não tenho clube. Por isso, se quem está a ler isto está à espera de alguma inspiração divina, parcialidade política ou clubismo... bem, digamos que irão ficar desapontados. Ou talvez abram os olhos.
     Não sou de falinhas mansas, não sou um homem paciente. Nem ao menos sou politicamente correcto. Sou uma pessoa com uma tal sinceridade que chega a roçar a indelicadeza. Não tenho nenhum interesse em romance, embora saiba que o amor será a solução para muito do que será aqui escrito.
     Não tenho formação académica, sou um desistente do nosso sistema escolar.
     Não vou partilhar mais de mim por agora. Quem quiser que leia, analise e estude o que escrevo e ficará a saber tanto de mim como eu sei de mim próprio.
     Por agora chega. Faço já outro post com o meu primeiro artigo(de muitos, espera-se).