Amizades vazias? Não obrigado! Mulheres desesperadas sem noção de si próprias? Menos ainda... Agradeço distância até... Obrigado.
Que raio de título mas a verdade é que é isto mesmo que tenho pensado. Na minha vida já me fartei de conhecer gente que não interessa nada. E por aqui eu sei que, tal como Joan Osborn cantava “God is one of us” porque se farta de fazer merda, como todos nós. Afinal de contas foi Ele que criou o Trump não foi? Ou será que Trump é o Anti-Cristo? Seja como for, há para aí gente que eu preferia nem saber da sua existência. Não interessa, não é sobre isso que preciso de escrever.
Eu sempre penso, quando conheço alguém que essa pessoa não faz parte deste grupo de pessoas que nem vale a pena conhecer. De mim têm sempre o benefício da dúvida. O que se segue é um desses casos. Aqui há uns tempos conheci uma mulher, na casa dos quarenta, simpática, bem humorada e boa conversadora. Aconteceu, como acontece agora muitas vezes: redes sociais, rapaz comenta algo dessa rapariga, a rapariga responde, o rapaz responde, “and so on”, até que resolvem enviar mensagem privada e a conversa vai por aí. Passados uns dias, regada a boa conversa, está a florir uma boa amizade. Mas nem todas as flores chegam a florir, algumas não sobrevivem. Admito que sou extremamente seletivo nas minhas amizades. Já excluí pessoas da minha vida por simplesmente... serem fumadoras. É raro, mas acontece. Tenho de ser assim, já sofri que chegue, já tenho amigos que chegue (embora mais amizades verdadeiras sejam sempre bem-vindas), não tempo tempo que chegue, sou chato e difícil de aturar que chegue.
A história é que ela está interessada num homem. Vá, dizer que é homem é um exagero. Um ser do sexo masculino... bem, também não dá porque estaria eu incluído no mesmo género. É um animal do sexo masculino. Coitados dos animais, não pode ser, também não dá. Pronto, já sei, é uma ameba com pila. E só sei que tem pila porque eles chegaram a vias de facto, por diversas ocasiões. Mas isto também não interessa nada. Interessa é falar de sentimentos e valores e tudo o resto só serve de introdução. Ela está interessada nele e ele diz gostar dela mas não têm nenhuma relação, tirando o sexo. Já estive (quase) na mesma situação (irei explicar o “quase” mais para a frente) e sei bem que não é uma situação que eu deseje a qualquer um dos meus amigos. Para ir direto ao assunto e pelo que eu pude depreender das nossas (poucas) conversas, ele não está com ela por uma questão de estatuto. Ele considera-se acima do estatuto dela. E ela considera-se abaixo do estatuto dele porque deixa a situação continuar e continua a sofrer por ele. Quem não deixou isto acontecer pelo menos uma vez na vida dele que atire a primeira pedra (eu irei abster-me de tal ato, com toda a certeza). Até aqui tudo normal. Mas é normal numa menina de 20 anos, numa inexperiente mulher de 30. Não é muito normal numa mulher já traída anteriormente que tem mais de 40 anos. Mas pronto, gostos não se discutem e ela gosta dele e caiu no mesmo erro duas vezes. Apaixonar-se por um homem que não gosta verdadeiramente dela. Um, porque é mulherengo e traidor e o outro, porque vive de aparências, o que dá a entender que só gosta dele próprio, um desses novos “narcisistas” de que tanto se ouve falar. Imagino que também seja um pouco metrossexual, o que, à primeira vista não tem nada de errado, mas que somado a uma personalidade narcisista dá uma criatura do abismo. Cada macaco no seu galho, certo? Não é isso que me chateia. Mas a mulher em questão tem uma filha. Uma daquelas miúdas que nem se conhece e já se gosta delas. A filha dela é boa aluna, tem um monte de atividades extra-curriculares e parece ser uma criança impecável e alegre. Seria de pensar que tal fruto, viria de uma árvore poderosa e forte e até certo ponto é verdade. Mas aqui é que começam a entrar as contradições, aquelas coisas feias e horríveis, que as pessoas têm uma tendência a ter, que as tornam muito pouco atrativas. Eu não estou a falar de defeitos porque esses todos temos. Estou a falar de aquelas traços de personalidade em que a pessoa é uma coisa e o seu oposto. Porque, se todos nós podemos aprender a conviver com os defeitos de outra pessoa e até aprender a gostar desses defeitos (li uma frase há uns anos que ficou comigo, sobre isto. “Gostamos das pessoas pelas suas qualidades e amamos essas pessoas pelos seus defeitos”.) o mesmo não se pode dizer de uma pessoa que tem uma série de contradições na personalidade. Talvez eu deva dizer eu não consigo lidar com isso. Gosto de saber com o que posso contar nos meus amigos e embora eu adore surpresas quero que as ditas sejam positivas e não que a surpresa seja “um faca nas costas”, porque isso dói. Muito. Esta pessoa parece muito forte e muito orgulhosa e muito confiante mas depois corre atrás de um homem que não a entende, não a estima, que a olha de cima para baixo, como quem olha para um naco de carne. Ou seja, é orgulhosa com toda a gente menos com ela própria. Esse homem de que ela gosta é a “ameba com pila” que a vem iludindo através dos tempos. E ela sabe. E depois de eu lhe sugerir ter uma conversa séria com ele e seguir com a vida dela para a frente, ela aparentemente, teria terminado tudo com ele, porque, nem mesmo face a um ultimato, ele se decidiu a ficar com ela. E eu disse-lhe que era melhor assim, “amar sem ser amado é como limpar o cu sem ter cagado”.Aqui há dias essa pessoa estava a passar por um momento difícil e, embora seja de longe, eu sugeri que iria visitá-la (embora as minhas economias estejam arruinadas de momento) para não se sentir só porque a filha viajou com a turma num intercâmbio e ela estava a chorar há horas de saudades e de solidão, etc. E o que ela me respondeu? “Não obrigado”. Muito bem até aqui. Na mensagem seguinte disse “do que eu precisava era do (nome da “ameba com pila” aqui)”. Fiquei “piurso” (pior do que um urso)! Disse-lhe para me poupar porque descartar a minha companhia, de igual para igual, para estar com um homem (perdão, uma ameba com pila) que a considera inferior é um ato tão repelente e nojento que eu até tenho pena da filha que só tem como exemplo feminino alguém assim, mulher fraca e desesperada. Uma sombra de mulher, uma mentira que se perpetua através de uma existência cheia de sonhos que não são mais do que vaidades porque ela nunca irá passar do que é agora. Uma sombra. E a filha, coitada sem mais nenhum exemplo de jeito. Espero que a mãe de uma amiga dela seja um exemplo a seguir. Porque na senda da mãe só a espera tristeza, contradição e vazio. Espero estar enganado, redondamente enganado!
Estamos a falar de uma pessoa que passou dias a criticar-me por eu não ter sonhos, porque me dizia que não ter sonhos era como não ter metas ou objetivos ou vontade de lutar. Como se me conhecesse intimamente. Como se as minhas dores fossem suas amigas e confidentes. Como se as minhas lutas e cicatrizes fossem menores que as dela porque tem “metas” e “sonhos”. Depois daquela presunção de superioridade, esta mulher mais velha que eu, com um casamento falhado “no cinto”, com uma filha pré-adolescente, vem com ideias de superioridade quando está nas mãos de um gajo (leia-se “ameba com pila”) sem caráter, que a trata como “pia de esmegma”. O seguinte, claro está, foi ser apagada do Facebook, não por ser fraca mas por me estar a comparar, por defeito, à ameba. O descaramento de algumas pessoas é sem limite. Quase que tomo o partido do marido mesmo sem o conhecer de lado nenhum! Permito muita coisa mas não permito que nenhuma mulher me trate abaixo de ameba.
Mas isto não interessa nada. Tudo isto serve apenas para abrir aqui a linha de pensamento. Ainda existe muita gente por esse mundo fora que não tem amor-próprio nenhum. Não têm respeito por si mesmos, não tem nenhuma noção do seu valor como pessoas. E estas pessoas acham que sabem amar. A pessoa de que eu falei acha que está apaixonada pela ratazana. Mas nenhum de nós, reles mortais, podemos amar sem ter amor-próprio. O Amor começa dentro de nós e é como um raio da nossa luz que se estende para outra pessoa. Mas essa luz não existe se a pessoa não tem amor dentro. Sendo assim essa pessoa nunca pode amar, pode apenas estar obcecada por outra pessoa, porque idealiza nela, tudo o que não encontra em si própria. Se uma pessoa gosta de mim eu posso gostar de mim mesma porque se alguém consegue eu também consigo. Amor por imitação. Imitação de Amor? Deixo a ideia aqui e cada um que tire as suas conclusões. Foi uma dura lição que eu aprendi há muito e se bem que eu tenho os meus dias em que gostar de mim mesmo é difícil (quem não tem) encontro sempre algo de que me posso orgulhar nas minhas ações, gestos, pensamentos. Eu, que sou a pessoa sem sonhos e pelos vistos sem vontade de lutar, luto todos os dias para ser melhor do que era no dia anterior. Eu, que sou a pessoa sem objetivos, saio do meu caminho para tentar fazer os outros felizes, mais felizes que eu, se possível. Dizia eu, que foi uma dura lição que aprendi com muita dor da qual pouca gente sabe o meio da história. Aprendi que eu só posso gostar de outra pessoa na mesma medida do amor-próprio que existe dentro de mim. Menos que isso não é amor, é desejo ou até mesmo, vazio de amor. E mais que isso é obsessão. Vazio de amor é o que vemos naquelas pessoas que ficam dormindo por aí, com esta e aquela pessoa e que tem um livrinho de telefones e moradas, ou, nos tempos que correm, uma lista sem fim de pessoas no Facebook. Essas pessoas medem o seu valor pelo número de pessoas que levam para a cama. E, no fundo, sentem o vazio daquilo que são. Um buraco de desespero sem qualquer noção do “eu”. E depois temos as pessoas obcecadas e estas talvez sejam as piores. Normalmente são pessoas que já foram casadas ou tiveram relacionamentos muito sérios, com filhos. E tudo o que essas crianças um dia vão ver, quando crescerem é que cresceram sem ideia do “eu” porque as pessoas que a criaram também não a têm. Serão mais pessoas vazias ou obcecadas dependendo de para onde caem na contradição entre aquilo que ouvem e aquilo que sentem. Eu sei, eu vivi uma dessas vidas até aos 20 anos. E quase não sobrevivia. E chegamos ao “quase”.
Quando eu referi que “quase” estive na situação dessa pessoa foi porque amei alguém que não me amava a mim, de uma forma tão fogosa, brilhante e quente que tudo o que me dizia respeito era colocado em segundo plano por ela. Nessa altura eu daria de bom grado a minha vida por ela sem esperar nada em troca. Fiz de tudo para a conquistar, incluindo mas não limitado a “fazer das tripas, coração”; “vender a alma ao Diabo”; “sofrer em silêncio por saber, lá bem no fundo que ela nunca se apaixonaria por mim”; e digo isto com a absoluta certeza (nossa, quanta redundância!!) porque, como me apercebi mais tarde ela era uma dessas pessoas que não tem amor-próprio quase nenhum, estava obcecada também mas não por mim. E vivi essa paixão/obsessão até ao ponto em que ela quase me destruiu. Quando ela finalmente deu asas à obsessão dela eu fiquei no vazio do abismo, suspenso. Parecido com aqueles sonhos em que vamos a cair e a cair e que só quando estamos mesmo a bater no chão, acordamos. Mas o meu passava-se na minha mente enquanto eu estava acordado e eu só estava a cair e a cair, sem nunca bater no chão e cada vez mais deprimido e triste e cada vez mais sem valor do que sou e cada vez mais desapontado comigo próprio por saber que aquilo era errado e por não saber como mudar. É uma espiral de tristeza que leva a desespero, que leva a perda de confiança, que leva a desapontamento, que leva a tristeza. Um ciclo vicioso de energia negativa, uma tempestade de merda com ventos de gases mal-cheirosos, enquanto se tem o corpo nu e com golpes de espada abertos por mãos invisíveis que todos os dias nos fustigam. Mas eu estava assim por minha própria culpa porque ela nunca me iludiu. Eu iludi-me a mim próprio. Ela nunca se armou em superior a mim, pelo contrário, eu sei que ela é uma pessoa espetacular. Mas não escolhemos quem amamos, certo? Ela não me amava. Somos amigos ainda, mas eu já não sinto por ela o que sentia. E por isso eu digo “quase”. Ela nunca foi uma ameba. Se alguma coisa eu tenho a dizer é mesmo “obrigado” porque toda aquela dor me ensinou que não mais eu podia “amar” assim. Pálida imitação de amor que era, era o que eu sabia amar na altura. Ou seja, não sabia de todo o que era sequer, o Amor. Como eu saí daquele buraco a aprendi o Amor? Isso fica para depois...