quinta-feira, 22 de outubro de 2020

IVG

Hoje de tarde dei por mim a ver um vídeo de um humorista/apresentador brasileiro. Fábio Porchat se não me engano, sinceramente não lembro bem porque fiquei mais preso ao que ele disse, de forma tão elementar e sincera que não pude deixar de comentar. Ele foi quase rude e com toda a certeza, politicamente incorreto. O meu comentário foi elementar também mas, como quase sempre, o meu lado “politicamente-inssurreto” veio ao de cima. Ele disse algo nas linhas de, mesmo sendo contra o aborto, quer que as mulheres tenham o direito de escolher, pois ele conheceu uma rapariga/mulher que teve um caso com um desses homens poderosos e de alto perfil, figura pública. Ela engravidou e ele “pediu” (leia-se, manipulou, chantageou, pressionou, ameaçou) para ela fazer o aborto numa dessas clínicas ilegais. Eu nem sabia mas muitas vezes, nessas clínicas, eles matam o feto e a mulher entra em hemorragia o que as obriga a ser atendidas num hospital. Ela foi, perguntaram se estava grávida, ela negou, mentiu para proteger quem não merecia e acabou por se sacrificar a ela própria para proteger um porco machista. Para lá da tristeza, para lá da raiva gélida que estes casos me fazem sentir, para lá das centelhas que se perderam para manter um cabrão numa posição que não merece, para lá disso tudo que todos sentimos e sabemos ser verdade (que a escolha é da mulher e a cruz é dela para carregar também, seja o que for que decida), uma ideia ficou comigo.

Apercebi-me do porquê de tantos líderes, políticos, religiosos, defensores da moral e dos bons costumes, estarem sempre a tentar penalizar o aborto, penalizando as mulheres e as supostas vidas que tanto juram querer defender. O relâmpago mental que me atingiu foi de tal forma ofuscante que o comentário que fiz ao vídeo mal roçou na verdade universal com que fui assaltado dentro da minha cabeça. Estes gajos arranjaram uma boa maneira de continuarem estas práticas machistas, porcas, fruto de luxúria pecaminosa e não da que vem com amor verdadeiro. Já explico.

Em Portugal a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (referida daqui para a frente como IVG) foi criada em 2007 e no seu primeiro ano, se não estou em erro, o número de abortos caiu, drasticamente, uns 7%. Somos, neste momento, o país europeu com menos abortos. (fonte: https://www.publico.pt/2017/09/14/sociedade/noticia/portugal-e-pais-europeu-com-menos-abortos-lei-foi-um-sucesso-diz-francisco-george-1785386)

O porquê da súbita e contínua queda desse número é fácil de explicar. Cada mulher que “escolhe” fazer a IVG tem de passar por um rigoroso exame psicológico e físico para se tentar minimizar o impacto que uma coisa dessas sempre tem na mulher e talvez até nos seus entes queridos. Muitas acabam por escolher prosseguir com a gravidez pois deixam de se sentir isoladas mesmo até, e se calhar principalmente, quando a gravidez é fruto de sexo sem consentimento. Falo de violações e abusos e toda essa violência que me enoja pois transforma o mais belo ato de amor entre duas pessoas em algo vil, sujo, até sangrento. Não quero ir por aí. O que importa aqui é que vidas são salvas, centelhas brilham em vez de serem extinguidas sem ninguém pestanejar (eu sou uma excepção, pois acho que todos nós temos propósito aqui – falo por mim mas espero não estar sozinho nisto). E nesta queda, que tem acontecido um pouco por todo o lado em que a IVG foi implantada, é que reside o problema desses tais líderes.

Até 2007, aqui em Portugal não faltaram abortos a serem realizados, são famosas e numerosas as histórias de viagens repentinas a Espanha para clínicas ilegais que por lá abundam (pelos vistos, segundo dizem). Desses que foram realizados com sucesso não se sabe muito, as mulheres escondem a vergonha melhor do que um mísero anfitrião esconde a comida dos seus convidados. Vivem com a culpa e com os danos (físicos e emocionais) para o resto das suas vidas. Dos que correram mal, algumas histórias se conhecem pois não é tão fácil quando a vergonha se soma à tragédia, esconder tudo durante muito tempo. Mas não é disso que vou falar também, isso é sobejamente conhecido, infelizmente. O que importa aqui são as mulheres e elas já esqueceram mais sobre isto do que eu alguma vez irei saber. Resumindo, com lei ou sem lei da IVG todos sabemos que os abortos ocorreram, ocorrem e continuarão a acontecer, principalmente nas classes altas ou financiados por pessoas dessa classe (que não têm classe nenhuma, né?).

Então porquê manter a ilegalidade? O que se ganha com isto? Eu disse que ia explicar e fica aqui registada a minha ideia. Porque, para essas mesmas classes é melhor assim. Imaginem um magnata, um político, um líder de uma seita religiosa. Pregam altas morais, bons costumes, demonizam o sexo (pois a ideia deles disso nunca é ato de magia, apenas de poder e controlo sobre a outra pessoa e como tal, é pecado) mas no fundo a maioria deles são os piores pervertidos, imorais e alguns são mesmo predadores sexuais. Um deles engravida uma pobre coitada que caiu no célebre “conto do vigário”, na conversa porca e machista e eivada de mentiras só para a levar para a cama (este tipo de conversa enoja-me, mas, muitas vezes resulta). Todos nós conhecemos as histórias: “eu vou deixar a minha mulher é só esperar que (inserir mentira aqui)”; E “isto é tudo em nome de (inserir divindidade aqui)”; e etc.; Mais uma vez, a quem isto diz respeito, sabe mais sobre estas mentiras do que eu sei sobre os meus dedos e tenho-os desde que nasci. Ao manterem a IVG nas trevas podem exercer poder e controlo sobre as suas vítimas (se alguma de vocês se sente amada estando com um homem destes, lamento informr mas só um pequeno número dessas histórias de “amor” terminam bem). Jogar no Euromilhões tem melhores chances. Fica a dica, procurem os solteiros, eles “andem” aí, cheios de amor, admiração e respeito pelas mulheres, mas são muito tímidos, mal sabem falar com uma de vocês. Esses cagões que vos mentem para vos tirarem a cuequinha, sabem bem como vos dar a volta, desconfiem. Passando à frente. Ao exercer esse controlo e mantendo os direitos das mulheres na Idade das Trevas o resultado é sempre mais agradável do que uma IVG segura e apoiada pela classe médica. Vejamos. Uma mulher vai fazer o aborto ilegal. Não conta com a família, apenas com uma eventual melhor amiga, a mãe, uma irmã, se tiver sorte. Está sozinha a tomar a mais importante decisão da vida dela com repercussões para o resto da sua vida, pressionada pelos mais imponentes e assustadores machos alfa que este mundo já viu. Estão reunidas as condições para uma decisão acertada, não estão? Mas daqui para a frente fica pior. Ela decide avançar com o procedimento (leia-se acto sangrento e desinformado, feito nas piores condições imagináveis, cenário de filme de terror). Correu bem? O porco machista livrou-se das provas da sua imoralidade, a mulher muito provavelmente perde todas as noções do seu valor e ele pode descartá-la como se fosse uma fralda usada. Correu mal? A mulher ficou muito mal? Que se foda, as provas estão eliminadas e ainda mais fácil fica descartar a mulher e passar para a próxima. Afinal ela fez o aborto porque queria, ninguém a obrigou. A mulher morreu? Ouro sobre azul para o porco pervertido, livrou-se das provas e da testemunha. Não há herdeiros, nem acordos parentais nem nada. Muito provavelmente denuncia a clínica ilegal, não paga a conta e ainda é o herói nos noticiários e jornais. Assustador? Sim, mas não acaba aqui. Isto é para sexo consentido. Imaginem quando a gravidez é fruto de uma violação, assédio consumado, chantagem, etc. Conseguem? Eu espero enquanto vão vomitar.

Mesmo as mulheres desses líderes muitas vezes são contra a IVG. Isso já fica mais difícil de explicar? Talvez não. Uma mulher dessas descobre que as infidelidades do seu estimado marido, que lhe proporciona tão bela vida, lhe podem arruinar esse estilo de vida. Quase nem existe ambiguidade. A “outra” é uma puta, uma porca, que lhe conspurcou o lar e a vida, é um ser desprezível. Já a pessoa que carrega o livro de cheques e lhe passa os cartões de crédito para a mão é um santo, que foi seduzido por uma vaca que quer é a fortuna dele e sentir-se importante. Puta de merda, que desviou o belo marido do caminho correcto. Ricos valores não é? Mas não podemos escamotear o assunto, pois todos nós conhecemos as histórias e as mulheres mais conhecem ainda, algumas até as viveram. Talvez a vizinha do 3º Esquerdo, que vocês acham demasiado amarga para a idade que tem. Ou a colega que nalguns dias nem consegue trabalhar e têm vocês de fazer o trabalho dela(s). Até mesmo a patroa fria que mal suportam e o pretensioso marido dela já estiveram envolvidos numa coisa do género. Dá que pensar? Dá, mas não acaba aqui.

Por onde quer que se olhe, uma mulher que escolhe fazer um aborto é sempre julgada, sendo que, já tem a culpa formada à partida. Até mesmo em casos de violação. “Ela estava a pedi-las, sempre de vestido e minissaia”. Se quando são, de forma tão evidente, vítimas, podem imaginar como é quando o sexo é consentido. “Ela sabia no que se estava a meter”. Não, não sabia porque o que a levou lá foi uma quantidade de patranhas desenhadas para a levar a ceder controlo. Já foram muito testadas e sempre deram frutos. Porquê mexer em algo que funciona tão bem? Isto está tão enraizado que apenas uma lei de IVG pôde sequer fazer mossa (ainda que pequena) no tecido de uma sociedade retrograda, machista e vazia de humanidade. Temos de mudar o paradigma se queremos efectuar mudança na nossa sociedade e ter progresso. O corpo de uma mulher a ela pertence e tirar esse controlo é convidar violência e tragédia em quantidades massivas para o nosso dia-a-dia. Uma Lei de IVG é apenas o primeiro passo para uma sociedade com menos violência sobre as mulheres, com igualdade mas acima de tudo com humanidade e amor. Portugal deu o primeiro importante passo.

E vocês? Querem ficar para trás?

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Amizades vazias? Não obrigado! Mulheres desesperadas sem noção de si próprias? Menos ainda... Agradeço distância até... Obrigado.




Que raio de título mas a verdade é que é isto mesmo que tenho pensado. Na minha vida já me fartei de conhecer gente que não interessa nada. E por aqui eu sei que, tal como Joan Osborn cantava “God is one of us” porque se farta de fazer merda, como todos nós. Afinal de contas foi Ele que criou o Trump não foi? Ou será que Trump é o Anti-Cristo? Seja como for, há para aí gente que eu preferia nem saber da sua existência. Não interessa, não é sobre isso que preciso de escrever.
Eu sempre penso, quando conheço alguém que essa pessoa não faz parte deste grupo de pessoas que nem vale a pena conhecer. De mim têm sempre o benefício da dúvida. O que se segue é um desses casos. Aqui há uns tempos conheci uma mulher, na casa dos quarenta, simpática, bem humorada e boa conversadora. Aconteceu, como acontece agora muitas vezes: redes sociais, rapaz comenta algo dessa rapariga, a rapariga responde, o rapaz responde, “and so on”, até que resolvem enviar mensagem privada e a conversa vai por aí. Passados uns dias, regada a boa conversa, está a florir uma boa amizade. Mas nem todas as flores chegam a florir, algumas não sobrevivem. Admito que sou extremamente seletivo nas minhas amizades. Já excluí pessoas da minha vida por simplesmente... serem fumadoras. É raro, mas acontece. Tenho de ser assim, já sofri que chegue, já tenho amigos que chegue (embora mais amizades verdadeiras sejam sempre bem-vindas), não tempo tempo que chegue, sou chato e difícil de aturar que chegue.
A história é que ela está interessada num homem. Vá, dizer que é homem é um exagero. Um ser do sexo masculino... bem, também não dá porque estaria eu incluído no mesmo género. É um animal do sexo masculino. Coitados dos animais, não pode ser, também não dá. Pronto, já sei, é uma ameba com pila. E só sei que tem pila porque eles chegaram a vias de facto, por diversas ocasiões. Mas isto também não interessa nada. Interessa é falar de sentimentos e valores e tudo o resto só serve de introdução. Ela está interessada nele e ele diz gostar dela mas não têm nenhuma relação, tirando o sexo. Já estive (quase) na mesma situação (irei explicar o “quase” mais para a frente) e sei bem que não é uma situação que eu deseje a qualquer um dos meus amigos. Para ir direto ao assunto e pelo que eu pude depreender das nossas (poucas) conversas, ele não está com ela por uma questão de estatuto. Ele considera-se acima do estatuto dela. E ela considera-se abaixo do estatuto dele porque deixa a situação continuar e continua a sofrer por ele. Quem não deixou isto acontecer pelo menos uma vez na vida dele que atire a primeira pedra (eu irei abster-me de tal ato, com toda a certeza). Até aqui tudo normal. Mas é normal numa menina de 20 anos, numa inexperiente mulher de 30. Não é muito normal numa mulher já traída anteriormente que tem mais de 40 anos. Mas pronto, gostos não se discutem e ela gosta dele e caiu no mesmo erro duas vezes. Apaixonar-se por um homem que não gosta verdadeiramente dela. Um, porque é mulherengo e traidor e o outro, porque vive de aparências, o que dá a entender que só gosta dele próprio, um desses novos “narcisistas” de que tanto se ouve falar. Imagino que também seja um pouco metrossexual, o que, à primeira vista não tem nada de errado, mas que somado a uma personalidade narcisista dá uma criatura do abismo. Cada macaco no seu galho, certo? Não é isso que me chateia. Mas a mulher em questão tem uma filha. Uma daquelas miúdas que nem se conhece e já se gosta delas. A filha dela é boa aluna, tem um monte de atividades extra-curriculares e parece ser uma criança impecável e alegre. Seria de pensar que tal fruto, viria de uma árvore poderosa e forte e até certo ponto é verdade. Mas aqui é que começam a entrar as contradições, aquelas coisas feias e horríveis, que as pessoas têm uma tendência a ter, que as tornam muito pouco atrativas. Eu não estou a falar de defeitos porque esses todos temos. Estou a falar de aquelas traços de personalidade em que a pessoa é uma coisa e o seu oposto. Porque, se todos nós podemos aprender a conviver com os defeitos de outra pessoa e até aprender a gostar desses defeitos (li uma frase há uns anos que ficou comigo, sobre isto. “Gostamos das pessoas pelas suas qualidades e amamos essas pessoas pelos seus defeitos”.) o mesmo não se pode dizer de uma pessoa que tem uma série de contradições na personalidade. Talvez eu deva dizer eu não consigo lidar com isso. Gosto de saber com o que posso contar nos meus amigos e embora eu adore surpresas quero que as ditas sejam positivas e não que a surpresa seja “um faca nas costas”, porque isso dói. Muito. Esta pessoa parece muito forte e muito orgulhosa e muito confiante mas depois corre atrás de um homem que não a entende, não a estima, que a olha de cima para baixo, como quem olha para um naco de carne. Ou seja, é orgulhosa com toda a gente menos com ela própria. Esse homem de que ela gosta é a “ameba com pila” que a vem iludindo através dos tempos. E ela sabe. E depois de eu lhe sugerir ter uma conversa séria com ele e seguir com a vida dela para a frente, ela aparentemente, teria terminado tudo com ele, porque, nem mesmo face a um ultimato, ele se decidiu a ficar com ela. E eu disse-lhe que era melhor assim, “amar sem ser amado é como limpar o cu sem ter cagado”.Aqui há dias essa pessoa estava a passar por um momento difícil e, embora seja de longe, eu sugeri que iria visitá-la (embora as minhas economias estejam arruinadas de momento) para não se sentir só porque a filha viajou com a turma num intercâmbio e ela estava a chorar há horas de saudades e de solidão, etc. E o que ela me respondeu? “Não obrigado”. Muito bem até aqui. Na mensagem seguinte disse “do que eu precisava era do (nome da “ameba com pila” aqui)”. Fiquei “piurso” (pior do que um urso)! Disse-lhe para me poupar porque descartar a minha companhia, de igual para igual, para estar com um homem (perdão, uma ameba com pila) que a considera inferior é um ato tão repelente e nojento que eu até tenho pena da filha que só tem como exemplo feminino alguém assim, mulher fraca e desesperada. Uma sombra de mulher, uma mentira que se perpetua através de uma existência cheia de sonhos que não são mais do que vaidades porque ela nunca irá passar do que é agora. Uma sombra. E a filha, coitada sem mais nenhum exemplo de jeito. Espero que a mãe de uma amiga dela seja um exemplo a seguir. Porque na senda da mãe só a espera tristeza, contradição e vazio. Espero estar enganado, redondamente enganado!
Estamos a falar de uma pessoa que passou dias a criticar-me por eu não ter sonhos, porque me dizia que não ter sonhos era como não ter metas ou objetivos ou vontade de lutar. Como se me conhecesse intimamente. Como se as minhas dores fossem suas amigas e confidentes. Como se as minhas lutas e cicatrizes fossem menores que as dela porque tem “metas” e “sonhos”. Depois daquela presunção de superioridade, esta mulher mais velha que eu, com um casamento falhado “no cinto”, com uma filha pré-adolescente, vem com ideias de superioridade quando está nas mãos de um gajo (leia-se “ameba com pila”) sem caráter, que a trata como “pia de esmegma”. O seguinte, claro está, foi ser apagada do Facebook, não por ser fraca mas por me estar a comparar, por defeito, à ameba. O descaramento de algumas pessoas é sem limite. Quase que tomo o partido do marido mesmo sem o conhecer de lado nenhum! Permito muita coisa mas não permito que nenhuma mulher me trate abaixo de ameba.

Mas isto não interessa nada. Tudo isto serve apenas para abrir aqui a linha de pensamento. Ainda existe muita gente por esse mundo fora que não tem amor-próprio nenhum. Não têm respeito por si mesmos, não tem nenhuma noção do seu valor como pessoas. E estas pessoas acham que sabem amar. A pessoa de que eu falei acha que está apaixonada pela ratazana. Mas nenhum de nós, reles mortais, podemos amar sem ter amor-próprio. O Amor começa dentro de nós e é como um raio da nossa luz que se estende para outra pessoa. Mas essa luz não existe se a pessoa não tem amor dentro. Sendo assim essa pessoa nunca pode amar, pode apenas estar obcecada por outra pessoa, porque idealiza nela, tudo o que não encontra em si própria. Se uma pessoa gosta de mim eu posso gostar de mim mesma porque se alguém consegue eu também consigo. Amor por imitação. Imitação de Amor? Deixo a ideia aqui e cada um que tire as suas conclusões. Foi uma dura lição que eu aprendi há muito e se bem que eu tenho os meus dias em que gostar de mim mesmo é difícil (quem não tem) encontro sempre algo de que me posso orgulhar nas minhas ações, gestos, pensamentos. Eu, que sou a pessoa sem sonhos e pelos vistos sem vontade de lutar, luto todos os dias para ser melhor do que era no dia anterior. Eu, que sou a pessoa sem objetivos, saio do meu caminho para tentar fazer os outros felizes, mais felizes que eu, se possível. Dizia eu, que foi uma dura lição que aprendi com muita dor da qual pouca gente sabe o meio da história. Aprendi que eu só posso gostar de outra pessoa na mesma medida do amor-próprio que existe dentro de mim. Menos que isso não é amor, é desejo ou até mesmo, vazio de amor. E mais que isso é obsessão. Vazio de amor é o que vemos naquelas pessoas que ficam dormindo por aí, com esta e aquela pessoa e que tem um livrinho de telefones e moradas, ou, nos tempos que correm, uma lista sem fim de pessoas no Facebook. Essas pessoas medem o seu valor pelo número de pessoas que levam para a cama. E, no fundo, sentem o vazio daquilo que são. Um buraco de desespero sem qualquer noção do “eu”. E depois temos as pessoas obcecadas e estas talvez sejam as piores. Normalmente são pessoas que já foram casadas ou tiveram relacionamentos muito sérios, com filhos. E tudo o que essas crianças um dia vão ver, quando crescerem é que cresceram sem ideia do “eu” porque as pessoas que a criaram também não a têm. Serão mais pessoas vazias ou obcecadas dependendo de para onde caem na contradição entre aquilo que ouvem e aquilo que sentem. Eu sei, eu vivi uma dessas vidas até aos 20 anos. E quase não sobrevivia. E chegamos ao “quase”.
Quando eu referi que “quase” estive na situação dessa pessoa foi porque amei alguém que não me amava a mim, de uma forma tão fogosa, brilhante e quente que tudo o que me dizia respeito era colocado em segundo plano por ela. Nessa altura eu daria de bom grado a minha vida por ela sem esperar nada em troca. Fiz de tudo para a conquistar, incluindo mas não limitado a “fazer das tripas, coração”; “vender a alma ao Diabo”; “sofrer em silêncio por saber, lá bem no fundo que ela nunca se apaixonaria por mim”; e digo isto com a absoluta certeza (nossa, quanta redundância!!) porque, como me apercebi mais tarde ela era uma dessas pessoas que não tem amor-próprio quase nenhum, estava obcecada também mas não por mim. E vivi essa paixão/obsessão até ao ponto em que ela quase me destruiu. Quando ela finalmente deu asas à obsessão dela eu fiquei no vazio do abismo, suspenso. Parecido com aqueles sonhos em que vamos a cair e a cair e que só quando estamos mesmo a bater no chão, acordamos. Mas o meu passava-se na minha mente enquanto eu estava acordado e eu só estava a cair e a cair, sem nunca bater no chão e cada vez mais deprimido e triste e cada vez mais sem valor do que sou e cada vez mais desapontado comigo próprio por saber que aquilo era errado e por não saber como mudar. É uma espiral de tristeza que leva a desespero, que leva a perda de confiança, que leva a desapontamento, que leva a tristeza. Um ciclo vicioso de energia negativa, uma tempestade de merda com ventos de gases mal-cheirosos, enquanto se tem o corpo nu e com golpes de espada abertos por mãos invisíveis que todos os dias nos fustigam. Mas eu estava assim por minha própria culpa porque ela nunca me iludiu. Eu iludi-me a mim próprio. Ela nunca se armou em superior a mim, pelo contrário, eu sei que ela é uma pessoa espetacular. Mas não escolhemos quem amamos, certo? Ela não me amava. Somos amigos ainda, mas eu já não sinto por ela o que sentia. E por isso eu digo “quase”. Ela nunca foi uma ameba. Se alguma coisa eu tenho a dizer é mesmo “obrigado” porque toda aquela dor me ensinou que não mais eu podia “amar” assim. Pálida imitação de amor que era, era o que eu sabia amar na altura. Ou seja, não sabia de todo o que era sequer, o Amor. Como eu saí daquele buraco a aprendi o Amor? Isso fica para depois...

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Poder da Criação reside dentro de nós


            Tenho ouvido falar muito e muito também se tem escrito acerca da Criação. O Antigo Testamento começa inicialmente por descrever o acto da Criação do Universo, através de umas curiosas “metáforas” onde uma “criatura celestial” tem o poder de criar luz do nada, de fazer “germinar” planetas inteiros de uns míseros grãos de poeira. Isto claro está, ignorando todas e quaisquer Leis da Física conforme as conhecemos. Impressionante, não é?
            Eu percebo muito pouco de Física. Sempre tive dificuldade em resolver problemas aritméticos e não sei porquê, na escola só me queriam pôr problemas matemáticos à frente sobre forças que eu nem ao menos entendia, quanto mais estar minimamente interessado nos seus efeitos, acções e reacções, etc. O pouco que aprendi realmente, foram umas quantas Leis, entre as quais uma, que não sei porquê, tem-me aparecido no pensamento ocasionalmente. Estranhamente é fácil prever essas ocasiões. Sempre que alguém refere a expressão “Criação de Riqueza”, a Lei de Lavoisier é como um relâmpago em cheio no cérebro. Brusco e luminoso.
            Segundo eu aprendi na escola, não é possível criar nada de coisa alguma. Ou seja, de um “zero” não se pode fazer “um”. Apenas deuses têm essa capacidade e mesmo assim é metaforicamente falando, na melhor das hipóteses. O máximo a que nós, reles mortais, criaturas limitadas que somos, podemos aspirar a, é transformar matéria, redistribui-la ou juntar diferentes matérias resultando em algo novo. Mas no entanto todos os dias ouço alguém falar de “criar riqueza”, leio sobre isso em jornais e revistas. Mau, queres ver que andam deuses misturados entre nós, pessoas com a mística e fabulosa capacidade de transformar “zeros” em “uns” sem adicionar nada aos zeros? Pessoas com o dom da Criação?
            Como orgulhoso ateu convicto, eu desafio qualquer um destes supostos seres celestiais a comparecer à minha frente e executar tão espantosa obra. Mas enfim, os sonhos de um reles mortal como eu, não falam alto que chegue para chegar a tão “celestes” ouvidos e vejo-me sem provas desse acto que é a Criação.
            Eu até já ficava satisfeito se alguém me explicasse o que é “riqueza”. Pelo que eu ouço e leio, riqueza é dinheiro. Criar riqueza então é criar dinheiro. Por esta lógica, os deuses devem viver nas Casas da Moeda por esse mundo fora então! E podemos visitá-los e conhecê-los! Que maravilha! Ou será que riqueza é algo mais do que a quantidade de papel impresso que carregamos na carteira?
            Na visão empresarial riqueza traduz-se em produção. Estabelecer um conceito de produto, bem ou serviço, descobrir como providenciar esse conceito e trazê-lo para a realidade para depois o vender. Em modo grosseiro, deste modo, só existe criação de riqueza, enquanto houver pessoas que não possuem ou utilizam esse produto, bem ou serviço, respectivamente. Mas isto faz sentido sequer? Sou só eu que acho que nenhum conceito é aceitável para todos? Qualquer dia falam de hegemonia e tentam vendê-la! E, se o fizerem, provavelmente há quem queira comprá-la!
            Alguns dirão que “riqueza” é o conjunto dos recursos naturais existentes no nosso planeta. Nem preciso de explicar porque é que esta teoria faz cair por terra, tal e qual castelo de cartas quando alguém bate uma porta perto, toda e qualquer tentativa de criar riqueza. Que eu saiba, não existe actualmente, nada que consiga criar recursos naturais! E não vamos sequer percorrer o tortuoso caminho que levou a que 1% das pessoas mais “ricas” do planeta detenha ou controle mais de 60% dos recursos naturais. Não, não vamos falar de “distribuição de riqueza”.
            Na minha modesta opinião a única riqueza que existe são ideias. Ideias poderão ser, talvez, a única coisa que a nossa limitada (em muitas e variadas formas) espécie consegue criar. A nossa única capacidade “celestial” reside exactamente na criação de pensamentos e em termos o dom da “Palavra” para os partilharmos. Mas até isso tentamos vender. Foi-nos dada a capacidade de pensar e só pensamos em trocar essa capacidade por “bocados de papel impresso”.
            Até quando deixaremos colocar um preço nos nossos pensamentos? A liberdade, a justiça e a igualdade são ideias. E são grátis, vejam só!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Freedom should be accused of crimes of high treason


                Doesn’t make sense right? How can a word be accused of any crime? But, if freedom is just a word, it’s a made up one, with no bearing or meaning. Maybe it was used in books. If it was, those books should be considered science fiction as no such thing exists.
                If it’s something to aspire for, to dream about then it must have some consistence, it must be made of something. And I know that people aspire to be free, dream about it, fight for it and even die for it. So it must exist.
                If it exists what does it consists of? It’s not a question of rights or rulings. Those are human inventions, and even bad ones at that. Law is not the same as justice and liberties are not the same as equality. Freedom is not justice and/or equality.
                It’s not a matter of consciousness. Although even sociopaths and psychopaths know the difference between right and wrong they are “programmed” to only respond to their own desires, no matter whose freedom they remove in the process. Freedom is not being able to do whatever you want, whatever you can think of. That’s chaos.
                Our freedom ends where other’s begins. So it’s not property. It’s not material and can’t be owned, traded or even offered. When you do think you are trading freedom what you are really doing is trading your own integrity and/or soul. Case and point, trading certain liberties for some false sense of security (Patriot Act is a great example of this). The cost for that “security” is our own integrity as a sentient being. We know that it does not protect us in the least and yet we let it happen over some “better safe than sorry” kind of excuse.
                Freedom is the sum of all our dreams. Some of us have given up on dreaming. So we should all be accused of crimes of high treason against humanity and we should be punished… and I believe we will be very soon. The ones that stopped dreaming and all the others that let them die without dreams. We are one. And if one fails, we all fail.

O Mundo ao contrário

“Just look at us. Everything is backwards. Everything is upside-down. Doctors destroy health, lawyers destroy justice, universities destroy knowledge, governments destroy freedom, the major media destroy information and religion destroys spirituality.”Michael Ellner

                Sim, comecei este artigo com uma citação em inglês ainda por cima. De que estavam à espera de um gajo que defende união de culturas e credos como se a sua vida dependesse disso (e não é que depende mesmo)? E para os “queixinhas” do costume que já estão a reclamar que não entendem o que está escrito também vou traduzir. Até alargar. Quem sabe, com o Natal a aproximar-se e eu a sentir-me generoso também não explico um bocadinho o que eu leio nessa citação.
                “Olhem para nós. Está tudo ao contrário. Tudo está virado do avesso. Médicos destroem a saúde, advogados destroem a justiça, as universidades destroem o conhecimento, governos destroem a liberdade, as agências noticiosas destroem a informação e a religião destrói a espiritualidade.”
                Antes de mais considerem que vivemos num mundo onde as pessoas são egoístas ao ponto de nem darem por isso. Considerem também que o capitalismo selvagem é uma realidade e também que há muita gente que não se preocupa em matar (ou fazer e deixar morrer) uns quantos milhares de pessoas se isso lhes der lucro.
                Aqui há uns meses uma médica referiu que eu estava obeso. Para quem me conhece não é novidade, nunca me conheceram de outra forma, embora alguns me tenham visto menos gordo e menos guloso do que agora. Fui fazer um exame para um tratamento de uma doença ligada (coincidência) com comida. Tinha abusado e o meu aparelho digestivo fez questão que eu pagasse com umas dores de barriga extremamente graves, entre outros sintomas. Nada de importante até aqui. O importante deste acontecimento aconteceu depois do exame. A dita médica, comigo à frente dela, sem mais ninguém para atender depois de mim, diz-me que me pode ajudar a fazer uma dieta saudável e completa e sem passar fome de forma a perder os quilos a mais.
                Longe de mim estar a duvidar das capacidades médicas ligadas à Nutrição de que a Doutora em questão tem conhecimento. O que realmente me espantou foi ela ter referido que, para tal planeamento dietético, eu teria de visitar o seu consultório privado, onde concerteza pagaria uma taxa de consulta elevadíssima para receber o mesmo cuidado médico de que ela, após realizar o juramento de Hipócrates, se encontra obrigada (por compromisso ético, profissional e humano) a disponibilizar no exercício da sua profissão, a todos os que dele precisarem. Ditado antigo, aquele que diz que “ os médicos não querem que ninguém morra, querem que a vida lhes corra”. “Médicos destroem a saúde” é verdade, e destroem as suas almas também pelo caminho, ao trocarem o lucro pela sua própria Humanidade.
                A justiça no nosso País se fosse um animal estaria extinta. Um qualquer ricaço, dispondo de uma equipa de “contenciosos” a trabalharem a tempo inteiro pode, no nosso actual código penal, escapar-se a qualquer crime que tenha cometido. A burocracia atingiu um ponto tal que alguns advogados se tornaram mestres na “exaustão do sistema penal por prescrição do processo criminal”. Isto para já nem falar dos “buracos” da lei que são explorados por esses mesmos senhores à força de um exército judicial dedicado, tal e qual aríete. Ou seja, a Justiça deixou de ser uma senhora cega a segurar uma balança e uma espada para passar a ser um senhor de cartola e a segurar um saco de notas. No resto do mundo é a mesma coisa, a merda é a mesma, só o cheiro é que é diferente.
                O conhecimento passou a ser propriedade intelectual no lugar de ser Património da Humanidade. Sabiam que um cientista descobriu uma cura para o cancro mas não pode disponibiliza-la para o público porque alguns das substâncias usadas no seu fabrico são patenteadas e as empresas que as detêm não as partilham? No caso da Doença de Alzheimer acontece a mesma coisa. Uma farmacêutica descobriu um tratamento que elimina a doença mas está, legalmente falando, de mãos atadas. Que tal isto para capitalismo e mercado-livre? As vidas das pessoas passaram a ser mercadoria. E sem grande valor.
                Claro está que nada disto se sabe publicamente sem alguma investigação online. As empresas de televisão detêm todas as agências noticiosas nos seus organogramas e a informação que passa é filtrada. E dado que as empresas mais ricas do mundo (bancos privados, farmacêuticas e seguradoras) são donas dos canais de TV eu vejo aqui um certo conflito de interesses em disponibilizar curas para doenças que produzem receitas espantosas na venda de medicamentos que “controlam os sintomas”. E nada disto é ensinado nas Universidades. Não convém afectar o Status Quo. E assim se destrói a informação.
                Não existe Democracia, não existe igualdade porque não existem verdadeiros estadistas. Os antigos defensores da liberdade escolheram o caminho errado para fazer a coisa certa. Capitalismo. Na tentativa de trazer liberdade à raça humana criaram um sistema que permite total controlo de mentes e corações. O dinheiro comanda tudo apoiado pelo capitalismo e pela ganância inerente à raça humana. Em vez de uma melhor distribuição dos recursos naturais do nosso planeta, este sistema permitiu a alguns senhores mais “desligados” das dores da humanidade, amealhar recursos ao ponto de estrangularem qualquer avanço científico que não lhes permita amealhar ainda mais. E se cada ser humano é aprendiz de ganância, estes senhores são mestres. Não há governo que não passe de um fantoche na mão de alguns capitalistas. E assim se destrói a liberdade.
                Quando olho para o mundo em que vivo só me apetece morrer. E venho morrendo aos poucos. Como ateu assumido, não vou na treta que as miríades religiões espalham aos 4 ventos, autênticas máquinas de propaganda bélica que são. Isto permitiu à minha espiritualidade sobreviver a um ataque atroz aos meus instintos humanos mais básicos e à minha racionalidade. Mas uma comporta por muito forte que seja pode ser destruída. Pode ser sobreposta. A espiritualidade é uma faca de dois gumes. Permite ver o mundo como ele é e como devia ser. Mas não deixa ver o caminho de uma realidade à outra. E esse facto é demolidor.
                Vivemos mesmo num mundo ao contrário.